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Ode à leveza e à alegria

  • Thaíke Augusto
  • 5 de set. de 2015
  • 3 min de leitura

Aproxima-se, enfim, a realização dos prenúncios da Nova Era!


Como canalizar o infinito dentro de nós em meras palavras? Mas o infinito precisa ser canalizado. Por que nem todos aprenderam a se entregar a ele. E enquanto o homem só atinge o transcendente pelo finito, há de se fazer esforços por fazer matéria aquilo que não pode se limitar a tão grosseira vibração...


O que nos aflige no mundo? Como queremos julgar a extensão do universo infinito pela lente escura que é posta sobre todos os nossos meios de expressão e conhecimento? Como chamar a vida horrenda ou infeliz se mergulhamos nossas cabeças no lodo fétido, e só ali abrimos os olhos para julgar? Quão infelizes somos nós nos contentando com a fonte seca de nossos segundos de vida que chamamos idade? Quão infelizes somos abrindo mão do infinito divino interior para abraçar as cinzas de uma chama que mal chegou a queimar? Quão infelizes somos lendo palavras semi-analfabetas rabiscadas às pressas num diário e julgando a extensão do homem por trás destes escritos?


Escrevo porque mergulho numa melancólica felicidade. Escrevo porque estou de mãos dadas com a tristeza, sorrindo-lhe. Escrevo porque choro lágrimas amargas de felicidade. Escrevo porque me dói infinitamente ver tanto deuses humanos, eu incluso, desperdiçando sua chama divina para acender a pavio curto do vício. Desperdiçando a chama divina para aquecer o pão seco que mal mata metade da fome do homem... Escrevo porque busco dentro de mim um ode à leveza e à alegria. Um ode à beleza e ao amor... Amor divino que pulsa com tanta intensidade e naturalidade em nosso favor que mal podemos senti-lo. Como o batimento cardíaco, incessantemente nos dando cor à face...


Ah... Sem dúvida que o mal passou a existir. Sem dúvida que há o medo e que este nos carrega aos abismos de nosso ser. Sem dúvida que há as trevas. E, por gigantescas que todas sejam, por mais arrebatadoras que sejam suas forças, são leve bruma diante da imensidão universal.


Pobres seres que somos, crendo que a existência é tão limitada e obscura quanto essa bruma... Pobres crianças olhando fixamente a pequenina mancha escura sobre o oceano, que elas mesmas criaram e ali colocaram, julgando todo o oceano impuro.


Olhemos para os lados e não será difícil nos sufocarem em sombras. A televisão é facilmente um pequeno portal que foca o olho do furacão das angústias. As vozes vazias dos colegas de todas as partes anunciam assuntos cuja profundidade mal chega a se molhar no oceano das idéias. Os barulhos instrumentalizados que freqüentemente são chamados de música denotam o mais vil em nossos psiquismos, reduzindo as vastas dimensões do nosso ser na ignorância típica daqueles que escolhem, entre o universo das inteligências ao nosso dispor, a rusticidade da inteligência-instinto.


E, no entanto, TUDO isso não passa de criação humana...


Ora, somos humanos por sermos marcados pela capacidade de criar. Ignorantes de nossa própria potência, inventamos rabiscos, pintamo-los em papel manteiga, colocamo-lo sobre o fundo magistral da natureza e julgamos ter encontrado o segredo do universo. Em seguida, olhamos para o nosso desenho e achamos ter, ali, a imensidão do universo sintetizada. É fácil, a partir daí, chamarmos a existência feia e rústica, triste e seca.


Pobres de nós que ainda não entendemos que o primeiro plano da visão é a sujeira em nossos olhos. Pobres de nós que gravamos um trecho de um dos instrumentos que compõem a sinfonia universal num vinil sujo e ralado e julgamos ouvir a música ao tocá-lo em aparelhos velhos e ineficazes. Pobres de nós que buscamos definir a luz sendo (ainda) cegos, definir o som sendo (ainda) surdos, definir o saber sendo (ainda) ignorantes, definir o belo sendo (ainda) brutos e rústicos.


Mas é sem dúvidas que, por tão vasto que seja o nosso poder criador, em inventar o mal e mergulharmos nele, este poder é ínfimo.


Facílimo se faz perceber esta verdade quando por alguns segundos conseguimos calar a barulheira do mundo externo (o que inventamos) e do mundo interno (que em parte nos é) e ouvir a simplicidade magnífica do silêncio; olhar para o céu estrelado e nos fazermos mudos diante de sua grandeza; usarmos uma ínfima parte do quase-nada que aprendemos nas escolas para entender a erva-daninha de uma calçada qualquer e ficarmos embasbacados pela sua complexidade e grandeza...


Contemplar a dança aérea dos pássaros; o poder do Sol em colorir e descolorir o mundo em matizes dinâmicos; a doçura do vento a brincar com nossos cabelos, carregando vida e sons para todas as direções; o mecanismo vivo das rotas planetárias, espiralando caminhos precisos em indizível complexidade matemática; a humildade da Terra, a ser pisada, cuspida e maltratada cedendo com amor tudo o que necessitamos para subsistir...


Aprendamos a ver o universo para além das nossas pobres criações infantis: nossa mente e coração, fagulhas da Divindade, não podem suportar tão pobre perspectiva e paisagem.

 
 
 

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