Vigiai e Orai

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta

e espaçoso o caminho que conduz à destruição,

e muitos são os que entram por ela.

Quão estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida,

e poucos são os que a encontram!

(Jesus, Mateus 7:13-14)

São várias as passagens do Evangelho em que Jesus recomenda a vigilância, direta ou indiretamente, como é o caso da passagem da porta estreita. Ou ainda em “Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor encontrar vigiando, quando vier” (Lucas, 12:37); “Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia e nem a hora [em que o senhor chegará]” (Mateus 25:13); e “Então, nem uma hora fostes capaz de vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41).

Mas, afinal, o que é vigiar e o que devemos vigiar? Pelo dicionário, “vigiar” significa: tomar conta; observar com atenção; cuidar com atenção especial; ficar de guarda; fazer o controle. Sabemos que, embora Jesus usasse imagens cotidianas, seus ensinamentos são profundos e dizem respeito aos valores do espírito. Desta forma, podemos interpretar o “vigiar” de Jesus em duas direções: interior e exterior.

Vigiar o exterior significa estar atento para as situações do caminho; não apenas estar alerta para as dificuldades, provas, perigos e tentações, mas também para as oportunidades do Bem que batem à nossa porta. Pois, como nos alertam nossos guias, somos responsáveis também pelo Bem que deixamos de fazer. É preciso estar atento ainda para a provação que nos chega de repente, sem avisar, quando tudo está bem, e que pode nos desorientar, se nos pegar de surpresa, ou seja, se não estivermos vigiando! Vigiar o exterior é não nos deixar levar pelas portas largas dos caminhos comuns dos valores materiais, em detrimento dos valores da alma.

Mas, o essencial é vigiar o interior, porque ele é a medida com a qual enfrentaremos todos os desafios exteriores. Vigiar o interior é buscar estar consciente de quem somos, por que e para que estamos no mundo; é refletir sobre qual é a nossa missão e buscar cumpri-la; é se esforçar para sair das fileiras dos que vivem “adormecidos” ou mesmo “mortos” para nossa realidade espiritual, buscando a evolução consciente e não simplesmente nos deixar levar pela Vida; significa nos esforçar no caminho do autoconhecimento e da autoresponsabilização, conscientes de nossas escolhas, sentimentos e pensamentos; conscientes de que o Amor incondicional é a nossa meta; enfim, é saber escolher a porta estreita e o caminho que leva à Vida.

E junto com o “vigiar” vem o “orar – “Vigiai e orai”, nos disse o Cristo. Quem vigia está atento aos perigos que se aproximam... e o que fazer então? A oração representa a nossa Fé em Deus e em nossa ligação com ele. Graças a nossa Fé interior, podemos nos conectar com as forças sublimes e superiores que governam a Vida, nos nutrindo de paz, luz, saúde e coragem para enfrentarmos as provas que nos alçarão, se bem cumpridas, aos patamares superiores da Vida.

Terminemos estas reflexões com as palavras de nossa benfeitora Joanna de Ângelis:

“É necessária muita vigilância, para não permitir que os tóxicos do Mal envenenem as pessoas que mourejam e acreditam no Bem. (...) Somente o amor, como medida terapêutica, possui a solução para as agressões do Mal que teima em alastrar-se por toda parte, levando de roldão aqueles que se permitem carregar. (...) Amorterapia – eis a proposta de Jesus. A ignorância deve ser combatida e o ignorante educado. O crime necessita de ser eliminado, mas o criminoso merece ser reeducado. (...) O amor não acusa, corrige; não atemoriza, ajuda; não pune, educa; não execra, edifica; não destrói, salva”. (Desperte e seja feliz, cap. 22, Amorterapia).

Portanto, “vigiai e orai” para que o nosso caminho seja repleto de Amor, a solução final para todos os desafios.