Escolhas

Quando apertados pelos fios de verdades menores, freqüentemente temos a forte impressão de ter árduas escolhas a fazer.

Devo escolher o branco ou o preto? Os prazeres ou a felicidade? O ouro ou o espírito? O conforto ou a liberdade? O futuro ou o agora? E por longo tempo debatemo-nos em ideais de luta, crentes de que o embate é terrível, é sofrido, é necessário, e a guerra não terá fim. Cruzam-se espadas, vence-se batalhas. Perde-se batalhas. Levanta-se. Luta-se novamente.

Sacrifícios terríveis, constantes... algumas gotas de sangue e suor por um pouco de paz. Um pouco de fome por maior bem-estar. No pain, no gain.

E, sim, tudo isto é real, em certo nível. São fios legítimos da Teia da Verdade, mas são tão rasos quanto estas poças de água materiais permitem ser. Um estreito feixe de linhas num tecido que cobre o universo.

Em verdade mais profunda, esta que é diluída no oceano cósmico, há apenas a quase-escolha entre o tudo e o nada.

Um caminho em que há o preto E o branco, os prazeres E a felicidade, o ouro E o espírito, o conforto E a liberdade, o futuro E o agora. E um caminho em que não há nada disso. Caminho este que sequer é um caminho, mas uma pequenina poça de ilusão à beira do primeiro e único caminho. Projeções sombrias daquilo que compõe o verdadeiro caminho, como sombras débeis ao fundo de uma caverna escura. Sábio Platão.

Dúvidas sobre a escolha entre o bem e o mal? Este último sequer existe nas dualidades unidas. Sequer é Yin Yang. “Mal” é o nome da poça e da caverna.

Eis que não há sacrifico real. É um sacrifício tirar a farpa da alma? Sequer há uma luta. Não há espadas se chocando no ar. A árvore que busca e ama aos céus inevitavelmente abraça a Terra com suas raízes. Há de se querer subir, no entanto. E tudo lhe pertencerá. Os céus e as Terras.

É quem escolhe o espírito que vive verdadeiramente a condição de humanidade e corpo. Inseparavelmente. Inevitavelmente.

Deus é soberan@. É tudo. E se Deus é Amor, Saber e Beleza, eis que tudo também é Amor, Saber e Beleza. E se você está com Deus e reconhece-@ em si mesmo, você está com tudo, você tem tudo, você é tudo.

E se você não está com Deus, você não está com nada, não tem nada, não é nada, com uma exceção: você apenas está, tem e é a promessa inexorável e indestrutível de que um dia estará, terá e será.

Você só escolhe quando.